Escrevi esse texto depois de assistir os filmes do Rebuild de Evangelion e sinceramente, depois de analisar muitas coisas decidi escrever algo um pouco diferente do habitual. Os textos que eu escrevi anteriormente se focavam em aspectos técnicos, tramas, personagens e histórias de animes, mas antes disso tudo porque não responder a simples dúvida que é:
Por que assistimos animes?
O clichê
Quando começamos a nos interessar por animes? O que fez nossa atenção ficar tão focada nessa mídia? Por que algumas pessoas a menosprezam? Como chegamos até aqui? Essas dúvidas não muito convenientes, sobre algo que era um simples hobbie para muitas pessoas, se transformam num pilar essencial de suas vidas.
É estranho falar sobre o sentido de tudo isso pois muitas piadas prontas já vêm preparadas, tal qual “Naruto me ensinou a nunca desistir” ou a clássica “O que o Naruto faria no meu lugar?”. Mesmo na situação de boa parte do público que assiste anime, em grande parte não há um motivo importante, se trata apenas de um passatempo.
O que eu quero dizer
Dessa simples forma de lazer, o tempo realiza seu trabalho e aqueles que apenas tinham um interesse superficial logo largam essa mídia. Para aqueles que restaram sobra o sentimento de insatisfação que cresce a cada anime genérico assistido, quase como uma inquietação pela falta de sentido em assistir determinada obra.
Essa agonia nos persegue até que tentamos dar um sentido a esse vício, que se instaurou sem a nossa percepção. Nessa busca de significado olhamos para nós mesmos e tentamos nos projetar em cada anime de alguma forma, buscamos entender melhor nós mesmos, mesmo que isso signifique nos cegar nesse processo.
A maioria dos fãs de anime chegam nesse ponto, e isso é muito satisfatório, MAS ainda existe caminho pela frente. Quando nos projetamos numa obra e buscamos algo para nos identificar, acabamos negando tudo aquilo que não nos é familiar, e sem perceber caímos na pior armadilha possível.
Não existe nada de errado em querer se identificar dentro de uma obra, mas o processo imaturo disso faz com que não consigamos compreender aquilo que nos é estranho. Um personagem mal-entendido, um conceito ignorado ou um acontecimento deixado de lado são resultados comuns dessa obsessão por projetar-se numa obra.
Com essa mentalidade, criamos nossas opiniões sobre personagens e histórias não sobre como elas são de fato, mas sobre como nos relacionamos com elas. No começo desse artigo eu citei que tinha recém visto os filmes do Rebuild de Evangelion e creio que não exista obra mais mal interpretada do que ela devido a esse motivo.
O que aprendemos com isso
Pessoalmente, comecei a assistir animes em 2016 com Sword Art Online na Netflix e na primeira vez eu achei aquilo incrível, e aqui estou anos depois julgando ele como um dos piores que eu já vi. Experiência não é o único fator dessa decisão, mesmo assim não cuspo no prato que comi e não me arrependo da minha linha de partida.
Isso é só um exemplo de como foi minha trajetória e de como eu era alguém incapaz de entender os personagens de Evangelion naquela época, mas agora eu consigo. O terceiro filme da saga dos Rebuilds me deu um choque tão grande que depois do filme eu experienciei um estado de apatia bizarro para dizer o mínimo.
Com a mentalidade que eu tenho hoje, sentir cada decisão do Shinji me causa mais impacto do que a 4 anos atrás, onde eu apenas tinha raiva do personagem pelo motivo que citei anteriormente. Eu só fui capaz de entender melhor o que Evangelion queria me dizer quando parei de olhar para mim e comecei a olhar para os outros.
Não é o propósito desse artigo virar uma review de Evangelion (essa fica para outra hora) e sim informar que assistir animes aceitando o que é estranho para nós é uma experiência muito mais completa e cheia de sentido.
Há tempos que não escrevia nada para o site, muito por causa da situação em que nosso país se encontra, a quarentena não me fez bem em quesito de produtividade. Entretanto, escrevo essas palavras com fé porque…
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