De acordo com dados divulgados pelo Censo Demográfico de 2010, cerca de 20 mil pessoas se declaram surdas no Paraná. No Brasil, o número de pessoas com algum problema auditivo pode chegar a 10 milhões. Esses dados fazem refletir sobre a inclusão dos deficientes auditivos no mercado de trabalho, haja vista o tamanho da competitividade que está instaurada na área profissional.
Segundo a otoneurologista e otorrinolaringologista, Dra. Rita de Cássia Guimarães, “apesar de comprometer a qualidade de vida dos portadores, a surdez e as deficiências auditivas não impedem as pessoas de trabalhar na maioria dos empregos e manter uma vida normal”. Uma vez que a tecnologia tem se aperfeiçoado e tornado o dia a dia cada vez mais prático, as inovações no que se refere a saúde também sofreram avanços.
Para oferecer melhores condições de vida para quem sofre com a perda auditiva, e até contribuir para a sua entrada e consolidação no mercado de trabalho, estudos científicos aliados à tecnologia criaram várias alternativas que beneficiam a audição. “Os aparelhos auditivos são os mais comuns. Eles são indicados quando há perda auditiva definitiva, em um nível que afete o entendimento dos sons da fala. Os dispositivos podem ser usados mesmo com a presença do zumbido e inclusive atuam de maneira benéfica no tratamento do problema”, ressalta a médica, mestre em clínica cirúrgica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Outra alternativa é o implante coclear, também conhecido como ouvido biônico. O equipamento eletrônico computadorizado tem como finalidade estimular o nervo da audição por meio de impulsos elétricos. O implante é colocado de maneira cirúrgica e é um dos recursos mais avançados para o tratamento da surdez atualmente. “O implante possui a parte interna, composta por eletrodos que ficam dentro do ouvido e se comunicam com um receptor colocado por baixo da pele atrás da orelha, e a parte externa, que possui uma antena transmissora, um microfone e um processador de fala”, acrescenta a especialista, por fim.
Outro ponto importante a se destacar é que, a legislação brasileira prevê a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. O artigo 93 da Lei Federal 8.213/91 estabelece que as empresas com no mínimo 100 empregados são obrigadas a preencher determinadas cotas, que variam de 2% a 5%, com portadores de deficiência habilitados ou deficientes reabilitados. “Esta é uma forma de promover a cidadania e evitar a exclusão social. Os deficientes também querem trabalhar e ter o seu próprio sustento. Mais do que um desejo, é um direito”, observa Guimarães.
Embora nem todos os cargos podem ser preenchidos por deficientes auditivos, haja vista que a legislação impede que os surdos atuem na função de motorista no segmento de transportes de cargas, a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho faz parte da responsabilidade social empresarial e contribui para a formação de uma sociedade mais solidária, igualitária e justa.
Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães (CRM 9009)
Otorrinolaringologista, otoneurologista, mestre em clínica cirúrgica pela UFPR
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