Pantera Negra: Wakanda Forever ou, de forma mais objetiva, Pantera Negra 2, certamente era um dos filmes mais aguardados do ano. Primeiramente, porque a Marvel ainda tem muita relevância no contexto cinematográfico e não perderá nem tão cedo. Segundo, porque o primeiro filme foi um grande sucesso de público e de crítica. Por fim, havia bastante expectativa em relação às homenagens a Chadwick Boseman, o eterno T’Challa e sobre a herança do manto do Pantera Negra. Além disso, personagens importantes dos quadrinhos seriam inseridos no MCU, como Namor (Tenoch Huerta) e Riri Williams/Iron Heart (Dominique Thorne). Sem contar que o elenco é recheado de personagens icônicos, como Okoye (Danai Gurira), M’Baku (Winston Duke), Nakia (Lupita Nyong’o) e Rainha Ramonda (Angela Bassett). Porém, as maiores expectativas recaíam sobre Shuri, até então, a mais cotada para assumir o manto.
A trama gira basicamente em torno de dois temas centrais: a nível social, o colonialismo e a nível individual, o luto (embora também se aborde o sentimento coletivo de Wakanda). Em relação ao primeiro assunto, talvez Wakanda Forever deixe um pouco a desejar em relação ao primeiro filme, principalmente por conta da presença de Erik Killmonger (Michael B. Jordan) e todas as suas demandas sociais. No entanto, a questão da perda é trabalhada de forma super comovente. De fato, não é a primeira vez que a Marvel aborda a temática do luto. Wandavision, por exemplo, é justamente sobre isso. Porém, é a primeira vez que o público compartilha o sentimento com os personagens. Dessa forma, a abordagem precisava ser digna, sensível e respeitosa. E assim foi. O paralelo entre Chadwick e T’Challa foi inevitável, mas sem forçar emocionalismo, foi singelo e tocante e nós sentimos saudade junto com Shuri e Ramonda.
Inclusive, é importante ressaltar o foco no elenco feminino. Personagens que já conquistaram o público no primeiro filme, puderam brilhar ainda mais, como Okoye (que protagonizou as melhores cenas de ação), Nakia e Rainha Ramonda.O protagonismo de Shuri também foi bem construído à medida em que ela tentava enfrentar o luto, esbarrando em seu próprio jeito prático e, até certo ponto, cético. Um problema é que, nesse elenco de mulheres negras tão seguras e poderosas, Riri Williams acabou ficando um tanto ofuscada e não nos apegamos tanto à personagem que era altamente relevante ao desdobramento da trama. Inclusive, o próprio roteiro a prejudicou de certa maneira.
Por outro lado, uma introdução que abrilhantou o MCU foi a de Namor. E olha que o desafio era enorme considerando que Erik Killmonger é um dos “vilões” mais amados da Marvel. Além disso, por ser um personagem que habita nos oceanos, ainda poderia ser comparado com o Aquaman de Jason Momoa. Mas Namor é tão bem construído que não abre margem para comparações, mérito da interpretação de Tenoch Huerta. O rei é dúbio e se encontra naquele lugar de utilizar meios questionáveis, mas fazer de tudo para proteger o povo de Talocan, que é algo louvável e digno.
Por fim, vale lembrar o quanto “Pantera Negra: Wakanda Forever é lindo”. A sensibilidade de Ryan Coogler na direção é fundamental para que a gente se envolva completamente na cultura e na tradição de um povo fictício que representa tantos povos reais. A fotografia é belíssima, a trilha sonora é simplesmente fantástica, destaque para o comeback de uma rainha da vida real: Queen Rihanna, deusa das makes e lingeries, que não lançava música há seis anos e nos presenteou com Lift Me up. Algumas pequenas incongruências no roteiro jamais apagariam a grandiosidade de um filme tão envolvente, ao qual o próprio Kevin Feige atribui o título de “mais importante da Marvel”.
Crítica: Carla Benevenuto em parceria com o Portal Kolmeia
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