Infestação, dirigido por Sébastien Vanicek, estreia nos cinemas com uma premissa simples, mas eficaz: uma aranha escapa de seu dono, se multiplica e invade um prédio no subúrbio. O filme, no entanto, vai além do simples terror de aracnídeos ao tecer uma crítica social implícita, explorando questões como marginalização e preconceito.
A história começa com Kaleb, um jovem colecionador que compra uma aranha exótica. Quando ela escapa e se reproduz, a infestação de aranhas toma conta do prédio, provocando pânico entre os moradores. A sensação de perigo iminente é criada com cenas angustiantes, nas quais as aranhas, desfocadas ao fundo ou em detalhes, dominam o ambiente, gerando desconforto visual e psicológico no público.
Vanicek não se limita ao terror visual. As aranhas funcionam como uma metáfora para as tensões sociais vividas pelos habitantes do prédio – um grupo composto por refugiados, pobres e marginalizados. Assim, o filme trata de uma “infestação” maior e mais simbólica: o preconceito e a exclusão social na França atual.
A direção de Vanicek destaca-se por criar um clima melancólico e denso, que vai além do horror típico. No entanto, essa melancolia às vezes pesa demais, desacelerando o filme em pontos chave e introduzindo subtramas dramáticas que nem sempre funcionam bem, afetando o ritmo do longa.
Apesar de algumas falhas na narrativa, Infestação se destaca como uma obra provocativa que vai além do medo das aranhas. Ao questionar quem são as verdadeiras “pragas” da sociedade, Vanicek nos faz refletir sobre os “predadores” e os “sobreviventes” na vida real, provocando uma inquietante análise sobre a exclusão social e o preconceito.
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