A quadrinista surda Ju Loyola é uma das mais novas vozes a emergir no cenário das histórias em quadrinhos, desafiando barreiras e reinventando a narrativa visual. Sua trajetória começa aos 10 anos de idade, quando se encantou pelas páginas coloridas de Turma da Mônica e Fantasma. Mais tarde, a televisão a introduziu ao mundo das animações, como Cavaleiros do Zodíaco e o universo Disney, ampliando ainda mais sua paixão por quadrinhos e ilustrações.
Mas o caminho de Ju não foi fácilL. Ela encontrou desafios únicos, especialmente ao descobrir que a maioria dos roteiros de quadrinhos exigia o uso do português escrito. “Foi muito difícil para mim. Eu amava os quadrinhos, mas a ideia de precisar escrever roteiros na língua portuguesa me afastou desse universo por um tempo”, conta. Contudo, sua paixão nunca a deixou de lado, e mesmo com essa barreira linguística, Ju continuou a se aprofundar no universo dos quadrinhos, acompanhando e absorvendo tudo ao seu redor.
Foi em um evento de quadrinhos em Belo Horizonte que Ju encontrou a motivação que precisava. “Eu vi outras pessoas fazendo quadrinhos, e aquilo foi um grande incentivo. Elas me mostraram que era possível criar, mesmo com as dificuldades que eu enfrentava”, relembra.
Foi então que surgiu a ideia de criar quadrinhos sem palavras. Em vez de balões de diálogo, Ju começou a explorar as narrativas silenciosas, também conhecidas como quadrinhos mudos. Nesse formato, a história é contada exclusivamente através de imagens, sem a necessidade de texto.
Em 2015, Ju Loyola lançou seu primeiro quadrinho, A Bruxa que Amava, uma história de terror com a marca das narrativas silenciosas. A obra foi a porta de entrada para outros projetos, como Maria Lua – Aventura de Estrelas, uma história que ganhou destaque e foi publicada pela editora Conrrade, tornando-se um quadrinho digital de sucesso. Mas o grande marco de sua carreira viria alguns anos depois: o lançamento de More Than Words, seu primeiro quadrinho profissional. Com mais de 90 páginas, a obra conta a história de um menino surdo e uma menina ouvinte nos anos 90, explorando as complexas nuances da comunicação e das relações humanas, com uma profundidade que vai muito além.
Hoje, a quadrinista é uma referência para muitas pessoas, especialmente para quem, assim como ela, sente que as palavras nem sempre são suficientes para se expressar. Ju Loyola prova, com sua trajetória, que a verdadeira comunicação vai além dos sons e das palavras: ela pode ser silenciosa, mas cheia de vida e significado.
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