Em um espetáculo digno de ópera gótica, luzes dramáticas e figurinos deslumbrantes, Lady Gaga retornou triunfante ao Brasil após mais de uma década de ausência. O aguardado show gratuito da estrela pop norte-americana levou cerca de 2,1 milhões de pessoas à Praia de Copacabana na noite deste sábado (3), em um evento histórico que misturou música, emoção, arte performática — e também polêmicas envolvendo acessibilidade.
Apesar da estimativa inicial de 1,6 milhão de pessoas, a Riotur, em conjunto com a Polícia Militar e a produção do evento, revisou os números ao fim da apresentação. O próprio show gerou impacto além da música: segundo dados da prefeitura, mais de R$ 600 milhões foram injetados na economia carioca, com cerca de 500 mil turistas chegando à cidade para o evento.
UMA NOITE DE EMOÇÃO, DISCURSOS E FIGURINOS IMPONENTES
O espetáculo, dividido em cinco atos e transmitido pela TV, começou com atraso: previsto para as 21h45, Gaga surgiu em vídeo às 22h10 e só subiu ao palco três minutos depois. Mesmo assim, o público permaneceu fiel e eufórico.
A cantora conduziu o público por uma jornada emocional e visual, com músicas como Bloody Mary, Poker Face, Paparazzi, Born This Way e o encerramento épico com Bad Romance. Gaga também fez diversos discursos emotivos, agradecendo o carinho dos brasileiros e lembrando da última vez que esteve no país, em 2012.
“Brasil, eu estou pronta! Obrigada por esperarem por mim, por me receberem com tanta gentileza. Esta noite estou dando tudo que eu tenho”, disse ela, emocionada, empunhando uma bandeira do Brasil.
Setlist de Lady Gaga no Rio
Act 1 – Of Velvet and Vice (Ato 1 – Do veludo ao vício)
Bloody Mary
Abracadabra
Judas
Scheiße
Garden of Eden
Poker Face
Act 2: And she fell into a gothic dream (Ato 2: E ela caiu em um sonho gótico)
Perfect Celebrity
Disease
Paparazzi
Alejandro
The Beast
Act 3: The Beautiful Nightmare That Knows Her Name (Ato 3: O belo pesadelo que sabe seu nome)
Killah
Zombieboy
Die With a Smile
How Bad Do U Want Me
Act 4: To wake her is to lose her (Ato 4: Acordá-la é perdê-la)
Shadow of a Man
Born This Way
Blade of Grass
Shallow
Vanish Into You
Finale: Eternal Aria of the Monster Heart Ato (Final: Aura eterna do coração de monstro)
Bad Romance
EXPERIÊNCIA CATÁRTICA E ESPETÁCULO MULTISSENSORIAL
A estrutura cênica e o jogo de luzes transportaram o público para uma verdadeira narrativa dramática que a artista chamou de “ópera gótica”. Entre trocas de figurino, projeções, danças performáticas e falas motivacionais, Gaga alternou momentos de celebração e introspecção. Destaque também para os números com referências LGBTQIAPN+, como Shallow e Vanish Into You, em que carregou uma bandeira arco-íris ao descer até a plateia.
FALHAS DE ACESSIBILIDADE MARCAM NEGATIVAMENTE O EVENTO
Se por um lado o show foi considerado histórico para os fãs, por outro, a questão da acessibilidade gerou críticas e frustrações. Três áreas foram destinadas a pessoas com deficiência (PCD): duas na pista comum e uma na área VIP. No entanto, a organização falhou em garantir o controle e respeito a esses espaços.
A reportagem apurou que pessoas sem deficiência invadiram uma das áreas PCD da pista comum, comprometendo a visibilidade e a segurança do público com mobilidade reduzida. Além disso, relatos indicam que faltou organização no acesso e orientação nos pontos de entrada, o que dificultou a chegada de muitos usuários a seus espaços reservados.
PREPARATIVOS E CAOS NO TRANSPORTE
Desde os dias que antecederam o show, fãs acamparam em frente ao hotel Copacabana Palace, onde Gaga estava hospedada. Na quinta-feira (1º), a cantora enviou pizzas aos que a aguardavam. Já no sábado, a movimentação intensa provocou lentidão nas linhas do metrô e formou filas de até uma hora para acesso à praia, segundo a concessionária responsável.
Antes da apresentação principal, DJs e artistas como Pabllo Vittar agitaram a multidão. Os fãs também improvisaram soluções criativas, como subir em sacos de areia para enxergar o palco no meio da multidão.
UM RETORNO APOTEÓTICO, MAS COM LIÇÕES A SEREM APRENDIDAS
Lady Gaga deixou o palco de Copacabana por volta de 0h18, após agradecer calorosamente ao público: “I love you, Brazil”. Com sua silhueta banhada por luzes vermelhas e cercada por fogos de artifício, encerrou o maior show de sua carreira em número de público — um evento memorável para milhões, mas que também acendeu um alerta sobre a importância da acessibilidade real em grandes eventos.
“Monsters never die”, dizia a mensagem antes do ato final. O legado do show, sem dúvida, ficará na memória dos fãs. Mas para que a experiência seja verdadeiramente inclusiva, é preciso garantir que todos possam vivê-la com dignidade e segurança.
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