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Entre o silêncio e a fita cassete: o Bruce Springsteen que não cabe no palco

Ao entrar na sala de cinema, eu esperava mais um daqueles filmes sobre artistas em crise o músico que busca inspiração, grava um novo álbum e tenta se reconciliar com seus fantasmas.

admin Por admin
3 de novembro de 2025
in Filmes e Séries
0
Entre o silêncio e a fita cassete: o Bruce Springsteen que não cabe no palco

Imagem: Reprodução

Por: Richard do @Smashbros.tv

Mas o que encontrei foi algo muito mais íntimo: uma imersão no vazio que o sucesso não preenche.

Jeremy Allen White dá vida a Bruce Springsteen com uma melancolia quase silenciosa e uma caracterização excelente. O filme começa logo após o lançamento de Born to Run, quando o cantor decide voltar à sua cidade natal não apenas para compor, mas para reencontrar o que o fez artista: suas memórias, seus medos e, sobretudo, o silêncio de onde tudo começou.

Entre estradas vazias e casas de madeira, Bruce não busca apenas um novo som. Ele busca entender quem é quando o barulho da fama se apaga.

A fotografia traduz essa jornada com precisão poética: tons alaranjados aquecem os momentos de humanidade e esperança; azuis frios invadem o quadro sempre que a solidão se instala. É como se as cores respirassem junto com ele.

Há algo profundamente humano na forma como o filme retrata o processo criativo e nos convida a participar dele. Springsteen grava suas novas músicas em um simples gravador de fita cassete: voz, violão e alma. A simplicidade desse gesto revela sua busca por autenticidade. O músico encontra beleza no improviso e dor na lembrança.

Mas talvez o ponto mais forte do longa esteja nas ausências. A relação com o pai, marcada por silêncios e durezas, paira sobre toda a narrativa como uma sombra invisível. É desse trauma que Bruce tenta renascer um filho querendo ser ouvido, um homem tentando se reconciliar com o menino que ficou para trás.

É nesse contexto que nasce Nebraska. Gravado em condições precárias, num quarto com equipamento básico e em fita demo, o álbum foi alvo de resistência da indústria. Springsteen insistiu para que fosse lançado exatamente como foi gravado cru, imperfeito, verdadeiro.
Era algo quase impensável para os padrões da época. Sem capa com o seu rosto, sem turnê, sem promoção. Apenas o som da alma, deixado para ecoar sozinho. E ecoou. Em 1989, Nebraska foi certificado como platina nos Estados Unidos, com mais de um milhão de cópias vendidas.

O mais impressionante é que Bruce não caiu nos vícios tradicionais do estrelato. Não havia drogas, nem escândalos, nem excessos apenas o confronto silencioso com a própria mente. A depressão, tema central do filme, surge não como um colapso, mas como um lembrete de que até quem parece inteiro pode estar quebrado por dentro.

A trilha sonora é um espetáculo à parte. Além das músicas originais de Bruce, interpretadas com uma entrega absurda por Jeremy Allen White, há uma composição instrumental que parece pulsar junto com a história. Cada acorde, cada batida, intensifica o drama e dá profundidade às pausas, transformando o silêncio em emoção. É uma trilha que não apenas acompanha a narrativa ela a conduz, amplifica, traduz o que as palavras não dizem.

Os coadjuvantes também merecem destaque. Laura Dern entrega uma performance contida e afetuosa como a mãe de Bruce, sustentando as cenas mais frágeis com uma sensibilidade rara. Michael Shannon, no papel do pai, é o oposto: duro, tenso, um homem de poucas palavras e muitos fantasmas. Ambos ajudam a moldar o protagonista, dando corpo e contexto à sua solidão. Todos os nomes do elenco parecem entender exatamente o que o filme quer dizer e dizem isso mesmo quando estão em silêncio.

Sob a direção de Derek Cianfrance, o filme encontra seu equilíbrio perfeito entre introspecção e intensidade. Conhecido por mergulhar em dramas humanos (O Lugar Onde Tudo Termina, Blue Valentine), Cianfrance demonstra aqui total domínio da delicadeza. Sua câmera observa mais do que mostra. É paciente, contemplativa, e transforma o cotidiano em poesia. O resultado é um retrato de um homem que tenta se escutar em meio ao ruído do mundo.

No fim, o que parecia um filme musical se revela uma confissão.
Born to Run pode ter sido o álbum que lançou Bruce ao mundo, mas este filme mostra o homem que, pela primeira vez, para de correr dos outros e começa a correr para dentro de si.

admin

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