O Monte Everest é sinônimo de superação e estatísticas colossais. Seus 8.848 metros de altitude atraem milhares, mas deixam um rastro sombrio: estima-se que alpinistas descartem anualmente cerca de 100 toneladas de lixo apenas na rota da face Sul. É diante deste número alarmante que o montanhista e ultramaratonista carioca Bernardo Fonseca propõe uma nova métrica para a conquista: a da sustentabilidade.
Sua jornada, que une o desafio físico extremo à consciência ambiental, é o coração de “Um passo a mais”, documentário inédito que estreia na plataforma Aquarius em 5 de dezembro. Um dia após o lançamento nacional, o filme já inicia sua escalada internacional, sendo selecionado para o prestigiado Krakow Mountain Festival, na Polônia.
Aos 47 anos, Bernardo Fonseca não é um novato nos desafios extremos. Seu currículo é uma coleção de recordes em ambientes hostis: de maratonas aos 13 anos, passando pelo Iron Man aos 17, até a ultramaratona de 100 km na Antártica a -35° C e 246 km no deserto do Saara a 53° C.
No montanhismo, o Everest (8.848 m) coroa uma lista que inclui picos icônicos como o Aconcágua e o Manaslu. No entanto, sua experiência intensa e constante com a natureza gerou um incômodo transformador.
“A vontade de gravar esse filme nasceu do incômodo. Durante minhas expedições, vi de perto o impacto da presença humana nas montanhas mais remotas do planeta — inclusive no Everest. Escalar de forma sustentável era uma forma de respeito, e registrar tudo, uma forma de mostrar que é possível fazer diferente.” – Bernardo Fonseca.
O compromisso de Fonseca com o meio ambiente já é visível em sua atuação como empresário: sua empresa, a X3M, penaliza em 5 minutos qualquer descarte irregular de lixo em seus eventos, combatendo o volume médio de 800 kg a 1 tonelada de resíduos gerados por corrida.
A Montanha Limpa: Retratos da Ação em Campo
Dirigido por Rafael Duarte e produzido pela Bambalaio Filmes, o documentário não foca apenas na subida. Ele é um olhar atento sobre a logística e as iniciativas positivas de limpeza e gestão de resíduos que já estão em curso no Vale do Khumbu.
O filme retrata, desde as vilas até os campos de altitude, um ecossistema de cuidado que se forma:
- Depósitos de Lixo: Estruturas ao longo da trilha para o descarte correto.
- Gestão e Upcycling: Uma organização local é destacada por reciclar e transformar o que foi descartado em peças de arte, dando uma nova vida ao lixo do Everest.
- Bolsinhas de Resíduos: A distribuição de sacolas de 1kg para incentivar alpinistas e trekkers a descerem com seu próprio lixo, garantindo o descarte correto na cidade.
A expedição de Bernardo Fonseca ao topo do Everest, portanto, vai além da superação pessoal; ela se torna um veículo para documentar e amplificar essas ações, provando que o turismo de aventura e o respeito à natureza podem (e devem) caminhar juntos.
O filme, com seu prestígio internacional imediato no Krakow Mountain Festival, promete ser mais do que um registro de aventura. É um manifesto pela escalada consciente e um lembrete de que, ao subir a montanha, é nosso dever não deixar nada para trás.
Serviço:
- Documentário: “Um passo a mais”
- Onde: Plataforma Aquarius
- Estreia: 5 de dezembro


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