A iniciativa, batizada de Roda do Crescimento, é fruto de uma parceria estratégica com o Instituto Favela da Paz e visa o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes do Jardim Nakamura.
Lançado em 2024, o projeto é uma resposta direta à necessidade de acesso à formação cultural em territórios de vulnerabilidade. Enquanto a Casa Os Capoeira se consolida na região Oeste como um epicentro de manifestações que celebram a ancestralidade e as expressões populares da dança ao encontro cultural, ela direciona essa expertise para o público jovem da periferia, através do braço ‘Os Pequeninos da 2’ do Instituto Favela da Paz.
Ritmo como Linguagem e História
Mais do que apenas uma oficina musical, a Roda do Crescimento opera como um veículo de resgate histórico e fortalecimento de identidade. Sob a condução de mestres e educadores da Casa de Cultura, os encontros mensais mergulham no universo rítmico que sustenta a capoeira e a cultura popular brasileira.
A formação é intensiva e prática. O currículo inclui o domínio de instrumentos essenciais de um bloco como os surdos (de primeira, segunda e terceira), o repique, o tamborim, o agogô e o pandeiro e a exploração de ritmos fundamentais. Os alunos são introduzidos à complexidade do ijexá, a força do samba de cabula, a cadência do baião e a história por trás do côco e do congo de ouro, transformando a experiência em uma aula de história através da batida.
O Caminho para o Carnaval
O ápice do projeto, e sua maior evidência de inclusão, está diretamente ligado ao calendário de rua de São Paulo. A Roda do Crescimento não é um fim em si mesma, mas uma preparação rigorosa para a integração dos jovens à bateria do Bloco Os Capoeira, um dos mais aguardados do carnaval paulistano.
Essa meta oferece um horizonte de profissionalização e pertencimento: os jovens não apenas aprofundam seu conhecimento musical, mas ganham o palco e a visibilidade de desfilar. A participação simbólica se completa com o Bloco realizando apresentações tanto no polo cultural da Vila Madalena quanto no território do Jardim Nakamura, seu local de origem.
O investimento na Roda do Crescimento reitera o papel da arte enquanto ferramenta de transformação social, provando que a coletividade e o respeito à ancestralidade podem, através do ritmo, unir extremos da cidade e dar voz a uma nova geração.




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