Belo Horizonte deu um passo significativo na democratização do lazer inclusivo e na saúde pública. Foi inaugurado o Parque Girassol, o primeiro espaço multissensorial público e gratuito de Minas Gerais desenvolvido prioritariamente para crianças autistas.
Instalado dentro do tradicional Parque Municipal Américo Renné Giannetti, no coração da capital mineira, o projeto de 150 m² propõe uma mudança de paradigma: transformar equipamentos que antes eram restritos a clínicas fechadas em diversão ao ar livre, acessível a todas as famílias.
Da clínica para a praça
Idealizado pela Ativa Inclusão e pelo Instituto AMA, com apoio da Prefeitura de Belo Horizonte, o espaço foi desenhado por uma equipe multidisciplinar incluindo terapeutas ocupacionais, engenheiros e pais de crianças autistas. O objetivo não é apenas o lazer, mas o suporte terapêutico.
O parque conta com plataformas de movimento, painéis sensoriais, rotas de equilíbrio e elementos táteis. Segundo Barbara Moura, terapeuta ocupacional envolvida no projeto, o local funciona como uma ponte: “O Parque Girassol é a ponte entre o ambiente clínico e o espaço público, onde as adversidades ganham acolhimento, respeito e bem-estar”.
Os equipamentos podem ser usados livremente para brincar ou como ferramentas de apoio quando a criança está acompanhada de um profissional. Além disso, a tecnologia é aliada da inclusão: todos os aparelhos possuem QR Codes que direcionam para tutoriais com tradução em Libras, audiodescrição e legendas.
Convivência sem segregação
Embora o foco seja o acolhimento de neurodivergentes, o Parque Girassol não é um espaço de segregação. Pelo contrário, a proposta é fomentar a interação entre crianças atípicas e típicas.
Filipe Rosa, diretor da Ativa Inclusão, reforça que a iniciativa visa derrubar barreiras invisíveis. “Nosso compromisso era criar um espaço onde crianças autistas pudessem se sentir incluídas, seguras e acolhidas. O Parque é aberto a todos e reflete o que acreditamos: inclusão se constrói na convivência diária”, afirma.
Investimento e Expansão
O projeto piloto recebeu um aporte de aproximadamente R$ 500 mil. A manutenção diária ficará a cargo do município, enquanto a garantia técnica dos equipamentos será assegurada pela Ativa Inclusão durante o primeiro ano.
O sucesso da iniciativa em Belo Horizonte pode ser apenas o começo. Segundo os organizadores, já existem estudos para expandir o modelo do Parque Girassol para outras cidades brasileiras, através de parcerias público-privadas, replicando este formato que une saúde, desenvolvimento infantil e direito à cidade.






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