Mas poucos conseguem fazer isso com a precisão e o pulso firme que Ryan Coogler demonstra em Pecadores, produção que chega às telonas nesta quinta-feira (17). Com um roteiro afiado e visual perturbador, o longa se posiciona como uma das estreias mais instigantes do ano.
Protagonizado por Michael B. Jordan em uma performance ousada como dois irmãos gêmeos marcados por traumas e escolhas difíceis, Pecadores mergulha fundo nas tensões raciais norte-americanas enquanto flerta com o horror psicológico — sem nunca perder a coerência estética e narrativa.
Ao contrário de muitas obras que tentam misturar gêneros e acabam soando confusas ou pretensiosas, Coogler constrói um filme que soa urgente e fluido. É como se o drama social e o terror não apenas coexistissem, mas se alimentassem mutuamente, criando uma atmosfera tão densa quanto fascinante.
O que mais surpreende é o equilíbrio entre camadas tão distintas: a luta dos irmãos por dignidade em um sistema que os marginaliza, a presença inquietante de forças sobrenaturais e até momentos pontuais de alívio cômico — todos costurados com naturalidade por uma direção que sabe exatamente onde quer chegar.
Michael B. Jordan, colaborador frequente de Coogler desde Creed e Pantera Negra, assume aqui um desafio duplo com destreza. Seus dois personagens têm nuances distintas, o que ajuda a reforçar o jogo de espelhos que o filme propõe entre identidade, escolha e destino.
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