Depois de anos marcados por altos e baixos, a Marvel Studios parece ter reencontrado o caminho do sucesso com Thunderbolts — filme que encerra a fase mais recente do Universo Cinematográfico Marvel (MCU) e chega como um respiro necessário após produções criticadas como Capitão América: Admirável Mundo Novo. Com direção de Jake Schreier (Cidades de Papel) e roteiro de Eric Pearson e Joanna Calo, o longa surpreende pela coesão narrativa, pela força de seu elenco e pela estética que rompe com fórmulas desgastadas.
A trama acompanha Yelena Belova (Florence Pugh), Viúva Negra treinada na Sala Vermelha e conhecida do público desde o filme solo de Natasha Romanoff. Agora sob ordens de Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus), diretora da CIA envolvida em escândalos e experimentos ilegais, Yelena embarca em uma última missão: eliminar um alvo em um cofre subterrâneo. Lá, se depara com outros anti-heróis convocados sem saber para uma armadilha: John Walker (Wyatt Russell), Antonia Dreykov (Olga Kurylenko), Ava Starr (Hannah John-Kamen) e o enigmático Bob (Lewis Pullman).
Traídos por Valentina, os personagens se unem para sobreviver e buscar vingança. A eles se juntam Alexei Shostakov, o Guardião Vermelho (David Harbour), e Bucky Barnes, o Soldado Invernal (Sebastian Stan), completando um grupo improvável que funciona surpreendentemente bem em tela.
Diferente do tom leve e do humor recorrente de outras produções do estúdio, Thunderbolts investe em temas densos como solidão, depressão e autossabotagem. Mesmo com momentos cômicos pontuais, o filme se destaca pela maturidade de seu roteiro e pela construção emocional de seus personagens — especialmente Yelena, vivida com sensibilidade e intensidade por Florence Pugh, que reafirma seu talento em uma atuação comovente.
Julia Louis-Dreyfus brilha ao dar profundidade à antagonista Valentina, equilibrando manipulação e carisma. Já Lewis Pullman entrega um dos papéis mais intrigantes do filme, ao interpretar o Sentinela e seu alter ego sombrio, o Vazio — dupla que promete ganhar ainda mais destaque no aguardado Vingadores: Apocalipse.
Visualmente, Thunderbolts também impressiona. A fotografia assinada por Andrew Droz Palermo adota tons frios e sóbrios, distantes das cores vibrantes características da Marvel. A trilha sonora da banda experimental Son Lux contribui para a atmosfera tensa e emocional, enquanto o design de produção aposta em elementos de espionagem e ação para ambientar a jornada do grupo.
Com duas cenas pós-créditos que instigam e apontam novos rumos para o MCU, o filme se sustenta com identidade própria, sem depender excessivamente de conexões externas. É, acima de tudo, um exemplo de como a Marvel pode se reinventar quando aposta em boas histórias e dá liberdade criativa às equipes envolvidas.
Thunderbolts não apenas resgata o entusiasmo do público, como prova que ainda há espaço para inovação dentro de um gênero que parecia saturado. Um acerto estratégico e narrativo que coloca novamente a Marvel no centro das atenções.
Discussion about this post