A menos de dois meses para que os portões do São Paulo Expo se abram para a maré de fãs que define a Comic Con Experience (CCXP), a conversa nos bastidores e entre o público vai além dos aguardados painéis de Hollywood e dos artistas lendários nos corredores do Artists’ Valley. Uma pauta, cada vez mais central, ganha destaque: a acessibilidade. Em sua nova edição, a CCXP não vende apenas ingressos para um evento, mas a promessa de uma cidadela da cultura pop onde todos, sem exceção, são bem-vindos. A questão é: a estrutura prometida resistirá ao teste de fogo de quase 300 mil pessoas?
No papel, o plano de acessibilidade da CCXP, aprimorado ao longo de suas edições, é robusto e digno de nota. A organização detalha um ecossistema pensado para mitigar as barreiras inerentes a um evento de proporções colossais. A jornada inclusiva começa antes mesmo da entrada, com um serviço de traslado da Estação Jabaquara que garante embarque prioritário para pessoas com deficiência. Na chegada, a sinalização clara e uma entrada exclusiva buscam evitar o caos das filas quilométricas, um dos primeiros e maiores filtros de exclusão.
Dentro do pavilhão, a promessa se desdobra. A organização garante o empréstimo de cadeiras motorizadas – um recurso valioso, embora sua eficácia dependa da disponibilidade real frente à alta demanda. Nos auditórios, onde a magia dos grandes anúncios acontece, as áreas reservadas para Pessoas com Deficiência (PcD) prometem não apenas acesso, mas uma “vista privilegiada”, um reconhecimento de que inclusão sem qualidade de experiência é uma formalidade vazia.
Iniciativas como a disponibilização de áudio descrição nos palcos principais e a presença de banheiros sem gênero são passos importantes que demonstram uma sintonia com pautas contemporâneas de inclusão, indo além do mínimo exigido por lei.
O Desafio Mora na Execução
ontudo, veteranos da CCXP sabem que o sucesso da acessibilidade no evento é uma batalha travada nos detalhes e no fator humano. A grande prova não está na existência de uma rampa, mas em garantir que ela não esteja obstruída por equipamentos ou pela multidão. Não basta ter uma equipe “bem treinada”, como promete a organização; é preciso que cada um dos funcionários, da limpeza à segurança, saiba orientar um fã cego ou entender a necessidade de um visitante no espectro autista que busca uma área de descompressão.
O maior adversário da acessibilidade na CCXP sempre foi sua principal virtude: a paixão avassaladora de seu público. O mar de gente que se move pelos corredores, as filas espontâneas que se formam para ativações de estandes e a corrida frenética entre um painel e outro podem transformar o plano mais bem desenhado em um labirinto de obstáculos.
À medida que a contagem regressiva avança, a CCXP se posiciona para ser mais uma vez o epicentro do universo geek. O sucesso de sua programação é quase garantido. O verdadeiro legado desta edição, no entanto, será medido não pelo barulho dos aplausos nos auditórios, mas pelo silêncio satisfeito de quem pôde viver a experiência em sua plenitude, provando que, no mundo dos heróis, o maior poder é o da inclusão.
Recursos de Acessibilidade na CCXP 2023:
Informação:
- Sinalização abrangente no pavilhão com entrada prioritária para pessoas com deficiência, idosos, gestantes e pessoas com mobilidade temporária.
- Funcionários bem informados sobre acessibilidade e informações relacionadas na entrada.
Transporte:
- Translado da Estação Jabaquara até o São Paulo Expor, operando das 7h ao meio-dia, com prioridade de embarque para pessoas com deficiência.
- Empréstimo de cadeiras motorizadas com documentos de identificação, sujeito à disponibilidade.
Estandes:
- Experiência de acessibilidade em filas com equipe bem treinada e acolhedora.
- Facilidade para acessar os estandes e participar das ativações.
Painéis:
- Área PCD (Pessoas com Deficiência) dentro dos auditórios com vista privilegiada e equipe treinada para assistir aos painéis.
Áudio Descrição:
- A CCXP oferece áudio descrição nos palcos principais
Banheiros:
- Além dos banheiros masculinos e femininos, introdução de banheiro sem gênero, priorizando o bem-estar do público e promovendo a inclusão.
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