Quem caminha pelos pavilhões da São Paulo Expo nesta edição da CCXP nota uma mudança sutil, mas tectônica, na paisagem do evento. Entre cosplayers de heróis consagrados e estandes de estúdios de cinema, o laranja vibrante das bolas de basquete e as regatas oficiais de times norte-americanos disputam a atenção do público. A cultura pop deixou de ser um “clube exclusivo” para se consolidar como o motor central do entretenimento de massa no Brasil.
A prova definitiva desse movimento na edição de 2025 não é a presença de um novo herói da Marvel ou o anúncio de uma franquia de Star Wars, mas a chegada inédita da NBA ao pavilhão. A estratégia, confirmada por Marcelo Forlani, cofundador do Omelete e do evento, mira em um perfil demográfico cada vez mais comum, mas pouco explorado até então: o consumidor “híbrido”.
A Era do Consumidor Híbrido
Segundo Forlani, a aposta baseia-se no entendimento de que as fronteiras do entretenimento ruíram. O público atual é aquele que consome a nostalgia de Space Jam e a adrenalina das finais do basquete com a mesma intensidade.
“A cultura pop virou mainstream e não existe mais aquela ideia de gostar apenas de um tipo de conteúdo. A parceria com a NBA faz total sentido porque nosso público consome muitas coisas ao mesmo tempo: super-heróis, séries, games e também esporte”, analisa o executivo.
Essa fusão amplia o escopo do evento, permitindo que marcas que tradicionalmente investiam apenas em arenas esportivas encontrem na CCXP um público engajado e com alto poder de consumo.
De Feira a Festival de Experiências
A presença da liga norte-americana ilustra como a CCXP evoluiu de uma “feira de quadrinhos” (nos moldes das antigas comic cons) para um robusto modelo de negócio de “festival de experiências”. Em termos de logística, complexidade de ativações e faturamento, o evento hoje rivaliza diretamente com festivais de música de porte global, como o Rock in Rio, distanciando-se de concorrentes menores.
Não se trata mais apenas de vender gibis ou action figures; o negócio agora é vender um estilo de vida. A “vibe de festival” prometida para 2025 não é apenas retórica de marketing, é uma necessidade para manter o público interessado em passar quatro dias imerso em um único local.
O Amadurecimento do Mercado Brasileiro
A análise do evento revela ainda um amadurecimento do mercado nacional. Forlani destaca que a exigência do visitante mudou: há uma demanda clara por produtos licenciados oficiais e de alta qualidade, além de um suporte crescente ao audiovisual nacional.
Essa profissionalização completa do setor indica que o Brasil deixou de ser apenas um importador de cultura pop para se tornar um ecossistema autossustentável. A entrada da NBA, portanto, não é um evento isolado, mas a validação final de que o universo geek expandiu suas fronteiras o suficiente para englobar até as quadras de basquete, transformando nichos díspares em uma única e poderosa indústria de entretenimento.
Discussion about this post