Depois de muito esforço dos fãs no movimento #RealeaseTheSnyderCut, finalmente a versão do diretor Zack Snyder veio. Mas será que todo o esforço que os fãs da DC tiveram durante anos valeu a pena?
Liga da Justiça de Zack Snyder, conhecido pelos fãs como SnyderCut, é a nova versão do filme Liga da Justiça, lançado em 2017 nos cinemas, que foi encerrado por Joss Whedon (Diretor de Vingadores e Vingadores: Era de Ultron).
Snyder acabou se afastando da direção do filme após a filha ter se suicidado. Após o fracasso do filme, que não agradou os fãs da DC, foi feito um movimento nas redes sociais conhecido como #RealeseTheSnyderCut, para que a Warner liberasse a versão do diretor.
Diante de toda movimentação dos fãs, do próprio diretor e dos atores, o filme foi lançado no dia 18 de março, na HBO Max nos EUA e, no Brasil nas plataformas digitais, como Apple TV, Net now, Google play, Microsoft, Looke, PlayStation Store, SKY, Uol Play, Vivo Play, Watch, TMWPIX.
Liga da Justiça é a continuação imediata de Batman Vs Superman. Então, se você ainda não viu o filme ou não lembra mais, sugiro que veja antes de dar play no SnyderCut.
A narrativa do filme é a mesma do filme do anterior, lançado em 2017, inclusive tendo algumas cenas que já vimos no primeiro longa. Porém, vemos muito mais cenas inéditas e mais interessantes que a versão de Whedon.
Liga da Justiça traz a história de Bruce Wayne que, sabendo de uma possível ameaça à humanidade, tenta buscar aliados para combater o inimigo e salvar a humanidade. Para isso, ele convoca Mulher Maravilha, Flash, Aquaman e Cyborg.
O corte de Snyder possui quatro horas e é dividido em seis capítulos: Parte 1: Não Conte com Isso, Batman; Parte 2: A Era dos Heróis; Parte 3: Mãe Amada, Filho Amado; Parte 4: Máquina de Trocas; Parte 5: Todos os Cavalos do Rei; Parte 6: Algo Mais Escuro; mais um epílogo.
O filme consegue cativar o espectador de uma forma que é praticamente impossível sentir que, de fato, se passaram quatro horas. Snyder consegue mostrar a sua superação e prova para o estúdio o quanto seu trabalho seria marcante para os fãs e para o cinema.
A história é muito bem contada. Existem pontas soltas durante o filme que foram intencionais já que o planejamento do diretor era a produção de mais duas continuações de Liga da Justiça, o que, por ora, ficará apenas como um desejo íntimo dos fãs.
Algumas cenas poderiam ter sido cortadas por não acrescentar muita coisa ao enredo. Existe um exagero de cenas que não possuem nenhuma correlação com a história, sem ter uma função narrativa, e isso acaba trazendo minutos a mais para o longa, sem necessidade.
É perceptível o quanto o diretor gosta de produzir cenas em slow motion, ou seja, em câmera lenta. Porém, tais cenas são carregadas no filme também de maneira exagerada. Há muitas cenas bonitas em slow motion, mas havia cenas que não tinham necessidade de serem em slow motion e até mesmo não precisavam estar no filme, como o foco em Lois Lane e seu café.
A fotografia da versão de Snyder consegue impressionar o espectador. Só aqui podemos ver o quão absurdo e gritante é a diferença entre a versão de 2017 e a atual. Whedon, em 2017, trouxe um filme colorido. Já a versão de Snyder, em que originalmente a ideia era de se fazer um filme em preto e branco, possui uma fotografia mais escura, dando um aspecto mais sombrio.
Adentrando no tratamento dos personagens, Superman é quem traz o plot twist da história, ou seja, a mudança de narrativa. Todo o contexto narrativo da trama do filme muda a partir do momento em que o personagem aparece.
Darkseid e Caçador de Marte aparecem com CGI ruim, mas compreensível pela falta de orçamento.
Caçador de Marte só aparece em duas cenas e é muito mal explorado. O personagem é de grande potencial e poderia ter mais espaço em um longa de quatro horas. A primeira cena em que ele aparece nos dá indícios de introdução de personagem, mas não o aprofunda. A pouca aparição dele parece ser por intenção de abordá-lo em trabalhos futuros. Porém, é uma pena se, de fato, essa era a intenção, já que não teremos, provavelmente, mais filmes da DC sob a direção de Snyder.
Flash continua sendo um alívio cômico no filme, porém o personagem está mais maduro do que a primeira versão.
Cyborg tem, finalmente, seu espaço e aprofundamento devido e merecido. No filme de 2017, o personagem ficou esquecido durante o longa e sem ter destaque e importância na história. Na versão de Snyder, Cyborg é quem acaba movimentando todo o enredo do filme.
Para um filme com quatro horas de duração, os personagens são muito bem elaborados, aprofundados e desenvolvidos. Uns com mais destaques que os outros. De forma geral, Flash, Aquaman e Mulher Maravilha não tem tanto protagonismo quanto Batman, Superman e Cyborg. Porém não são deixados de lado, nem aparecem somente como acréscimo nas cenas. Cada um tem a sua função, apesar de uns terem mais funções que outros.
No final do filme, a cena do sonho do Batman parece aleatória, jogada, sem sentido na história. Também pareceu ser uma cena introdutória para filmes futuros. Mas, sabendo que não teria filmes futuros, não haveria necessidade de manter essa cena no corte final. Essa cena não estraga a experiência do filme, porém, não tendo sequência, não faz sentido a cena ser apresentada.
Conforme se vê o filme, percebe-se que não tinha como a produção ser uma minissérie ou série, tendo diversos episódios divididos. A versão, por si só, não tem ganchos entre uma parte e outra que façam o espectador ter vontade de assistir o próximo episódio, já que está é a função de cada episódio de uma minissérie. Por isso, não há melhor acerto do que permanecer um filme dê quatro horas. O trabalho de Snyder é tão satisfatório que não dá nem para sentir que o filme possui toda essa duração.
Não tem como ficar insatisfeita com SnyderCut. O filme está impecável, bem trabalhado e com o correto aprofundamento de personagens que tanto queríamos ver.
É um baita presente para os fãs que fizeram um esforço para o filme acontecer. SnyderCut é ótimo e emocionante.
Nota: 9,5
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