Julie está chegando aos trinta e sua vida é uma bagunça existencial. Vários de seus talentos foram desperdiçados e seu namorado, Aksel, um escritor de sucesso mais velho que ela, está pressionando para que eles se estabeleçam. Uma noite, Julie invade uma festa e conhece o charmoso Eivind. Em pouco tempo, ela termina com Aksel e se joga em um novo relacionamento, esperando uma perspectiva diferente em sua vida.
Dividido em prólogo, 12 capítulos e epílogo, o longa nos apresenta a Julie, uma mulher de vinte e poucos anos que não tem certeza do que quer de sua vida.
De forma leve e positiva, Julie é apresentada com uma mulher livre e moderna, mas indecisa e receosa nas tomadas de decisões. Tanto que a personagem transita em várias áreas profissionais diferentes para construir a sua identidade.
Somado à sua indecisão, nota-se uma imaturidade por parte dela, que é perfeitamente compreensível pela idade. Até o momento do início do relacionamento com Aksel, que faz com que a personagem entre em diversos conflitos pessoais. Um exemplo é o debate entre os personagens sobre maternidade e, com isso, destacando a consequência da diferença de idade em um relacionamento.
Escolher estar com Aksel se mostra uma saída madura demais para a personagem, que não estaria pronta para tal destino. Diante disso, precisa ser feita uma escolha, que para ela faz sentido, mas para o espectador pode ser interpretado como uma escolha fora dos padrões exigidos pela sociedade.
Por vezes, Julie se sente como uma coadjuvante da própria vida, se mostrando até mesmo ressentida por estar estagnada e em um relacionamento com uma pessoa bem sucedida.
Entretanto, os temas do filme não são aprofundados, tudo é tratado de uma forma superficial. Talvez, de fato, não coubesse para a história fazer um aprofundamento. Mas, com certeza, traria ao espectador mais compreensão de suas atitudes.
Apesar disso, é inegável a identificação que Julie nos oferece, já que ela nada mais é que a representação da nossa geração de vinte e poucos anos indecisa com relação ao futuro, mas disposta a encarar a vida de uma forma livre e corajosa.
A fotografia e a trilha sonora são espetaculares e contribuem maravilhosamente bem para a narrativa. As atuações são boas para o espectador criar o sentimento de identificação e empatia pelos personagens. Grande destaque para Renate Reinsve e Anders Danielsen Lie.
De uma forma geral, o filme nos faz refletir sobre a vida e as escolhas que a cercam, além de nos deixar um grande questionamento: felicidade é o mesmo que estar bem?
A questão é que Julie não é a pior pessoa do mundo. Ela só é humana.
Com direção do cineasta norueguês Joachim Trier, o drama cômico trata do amor nos tempos atuais e sobre como, mesmo com todas as oportunidades que a vida dá, é possível se sentir a pior pessoa do mundo. O roteiro é de Eskil Vogt e Joachim Trier.
O filme estreia nos cinemas dia 24/03/2022 e está concorrendo em duas categorias nos prêmios Oscar: Melhor Roteiro Original e Melhor Filme Internacional.
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