Em “Lobisomem” (2025), Leigh Whannell nos apresenta uma releitura moderna do clássico da Universal estrelado originalmente por Lon Chaney Jr. O filme aborda temas contemporâneos como superação, impacto dos traumas, relacionamentos abusivos e a posição do homem na sociedade, especialmente em relação às mulheres e outras figuras onde ele detém poder.
A narrativa é envolta em uma atmosfera gótica, acompanhada por uma trilha sonora imersiva que cria um ambiente de desconforto e tensão. No entanto, o desenvolvimento do enredo às vezes parece indeciso, deixando o espectador sem saber como se sentir em relação ao filme e seu monstro. Isso pode resultar em uma experiência cinematográfica que, embora visualmente e tematicamente intrigante, não atinge todo seu potencial.
A história gira em torno de Blake, interpretado por Christopher Abbott, um homem atormentado pelas memórias da rigidez de seu pai. Junto com sua esposa Charlotte (Julia Garner) e sua filha Ginger (Matilda Firth), Blake viaja para uma região remota do Oregon, onde passou sua infância. Lá, eles enfrentam a figura aterradora do lobisomem, que simboliza a agressividade masculina tóxica transferida através das gerações.
Whannell, conhecido por seu trabalho inovador em “Jogos Mortais” e pela refilmagem de “O Homem Invisível”, tenta explorar temas profundos e complexos através do terror psicológico. No entanto, o filme sofre com a repetição de situações e um ritmo irregular, resultado da limitação de personagens e cenários.
Visualmente, “Lobisomem” é atmosférico, com a trilha sonora de Benjamin Wallfisch e o design de produção de Ruby Whaters, que criam um ambiente imersivo. A direção de fotografia de Stefan Duscio, embora às vezes excessivamente escura, contribui para o clima de medo e pânico. O roteiro, co-escrito por Corbett Tuck e Whannell, traz à tona debates contemporâneos sobre a dualidade da natureza humana e a repressão dos instintos primitivos.
Apesar das falhas, “Lobisomem” oferece uma interessante alegoria sobre a masculinidade tóxica e a alienação, utilizando a licantropia como metáfora. O filme explora a luta pela aceitação e a busca por um lugar no mundo, destacando a tensão entre liberdade e conformidade social. No entanto, a indecisão do protagonista compromete a tensão narrativa, resultando em um filme que, embora não seja ruim, deixa a desejar como entretenimento.
Em última análise, “Lobisomem” nos lembra que o terror pode ser uma poderosa ferramenta para explorar questões sociais e psicológicas, mesmo quando a execução não é perfeita. A obra de Whannell é um lembrete de que o cinema de gênero ainda tem muito a oferecer em termos de reflexão e discussão.
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